Não são as mesmas nossas línguas
Como não são as palavras
A flutuar nas mesmas águas
Da mesma polissêmica miragem
Não são as mesmas nossas bocas
Como não são as vozes
A ressoar nos mesmos ecos
Do mesmo grito de origem
Não são os mesmos nossos corpos
Como não são as roupas
A cobrir os mesmos medos
Da mesma pálida coragem
Não são os mesmos nossos deuses
Como não são as sombras
A proteger os mesmos sonhos
Do mesmo sono oco e virgem
(jul/1992)