um poeta de banco de rodoviária
tem ao menos o pretexto
de escrever enquanto espera o ônibus
como justificativa de um despropósito
escrever como um (des)cumprimento irreverente
ao silêncio que bate à porta
zen-filosofia-nenhuma
calando eus que estão sendo
impermanentes sombras que escapam
à concretude da escrita
secando vozes que gritam
rios errantes que se turvam
ao distanciar-se da fonte
sufocando ecos que insistem
restos de som que sobrevivem
à palavra-prima inaudita
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